Maria Lúcia Dal Farra vence o Prêmio Jabuti

A avaliação feita em 2002 pelo jornalista Carlos Graieb, nas páginas da revista Veja, tem se mostrado cada vez mais verdadeira. “Atenção para o nome de Maria Lúcia Dal Farra: ninguém no Brasil é melhor poeta do que ela”, sentenciava então.

'O importante é que prêmio faz com que pessoas saibam que livro existe', afirma

Em anúncio feito ontem, 18, pela Câmara Brasileira do Livro, a professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de Sergipe figurou como vencedora da 54ª edição do tradicional Prêmio Jabuti de Literatura na categoria “melhor livro de poesia”.

Dal Farra concorreu com “Alumbramentos” (144 p.), publicado pela Editora Iluminuras, a mesma que publicou seus outros dois livros de poesia, “Livro de possuídos” e “Livro de Auras”, e as crônicas de “Inquilina do Intervalo”.

Cautelosa quanto ao resultado da primeira fase, em que aparecia como primeira colocada, afirmou que “o importante é que o prêmio faz com que as pessoas fiquem sabendo que o livro existe; significa que ele está sendo lido”.

Dal Farra, que também concorre como finalista no Prêmio Portugal Telecom de Literatura com o mesmo livro, foi descrita pela jornalista e escritora portuguesa Inês Pedrosa como dona de uma poética “brutal e serena... a arte de quem atravessou a noite da arte sem perder a inocência, o sangue e a coragem da vida”.

'Alumbramentos', pela Editora Iluminuras, é o seu terceiro livro de poesias.

Conhecida internacionalmente por seus estudos sobre a escritora portuguesa Florbela Espanca, Dal Farra é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e possui pós-doutorado pela Ecole Pratique Des Hautes Etudes de Paris (1981), pela Universidade de Lisboa (1985) e pela Universidade Federal de Sergipe (1992).

O Jabuti

Na sua 54ª edição, o Prêmio Jabuti é um dos mais importantes e tradicionais do mercado editorial nacional, abrangendo um total de 29 categorias. Podem concorrer livros publicados no Brasil entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2011.

A seleção ocorre em duas etapas: na primeira fase, são escolhidas 10 obras finalistas em cada categoria. Na segunda, as três obras vencedoras.

Autora autografa exemplar durante lançamento em Aracaju. (fotos: Márcio Santana)

O primeiro lugar em cada uma das 29 categorias recebe o troféu do Prêmio Jabuti, além de R$ 3.500. Os segundo e terceiro colocados recebem os troféus. Já o livro do Ano Ficção e o Livro do Ano Não Ficção, a serem anunciados no dia 28 de novembro, recebem os troféus do Prêmio Jabuti, além de 35 mil reais cada um. Confira a lista completa de autores que concorreram como finalistas.

Germana Gonçalves

A professora Germana Gonçalves de Araújo, do Núcleo de Artes e Design da UFS, foi finalista do prêmio Jabuti 2012 com o livro “Maria Bonita do Capitão” (328 p.) em duas categorias: “capa” (2º lugar na primeira fase) e “projeto gráfico” (10º lugar).

O livro foi publicado em comemoração aos cem anos de nascimento da cangaceira, esposa de Lampião, e é dividido em duas partes: a primeira é biográfica; a segunda é uma representação de Maria Bonita nas artes: música, teatro, xilogravura etc. O volume foi organizado em parceria com Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, e publicado pela editora da Universidade do Estado da Bahia (Eduneb).

“O livro foi minuciosamente construído. Todas as páginas foram construídas em função do tema; existem elementos extraídos da própria estética do cangaço e que foram incorporados na construção da obra. O maior desafio foi juntar uma miscelânea – e tinha tudo para dar errado – porque o tema era um só, mas eu trabalhei com diversas naturezas de escritores (acadêmicos, humoristas, músicos, atores), que não fazem parte do mesmo campo de conhecimento ou linguagem, e consegui criar uma unidade, uma interação visual, apesar dessa distinção de linguagem”, explica a professora.

Germana é doutoranda do programa de Pós-Cultura da Facom/UFBA, mestra em Desenho, Cultura e Interatividade pela UEFS/BA e bacharel em Desenho Industrial pela Universidade Federal da Paraíba/UFPB.

Márcio Santana

Ascom