A NOVA GERAÇÃO DOS LIVROS FRACIONADOS




Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com


O e-book – livro eletrônico ou digital – teve uma alavancada, no início desta década, mas não ameaçou, ainda, o livro tradicional, impresso. Até porque o preço, não raro, tem se equiparado ao preço da versão impressa das obras, como no Brasil, por exemplo. Mas não é só aqui que isso acontece. Mesmo sem o maquinário, a mão de obra, o papel, tinta, a distribuição e outras matérias primas envolvidas na confecção do livro como o conhecíamos até bem pouco tempo atrás, os livros eletrônicos – arquivos digitais para serem lidos em leitores digitais ou tablets, como I-pad ou Kindle, smartfones e computadores – têm preços bastante altos, em alguns casos equiparados com o valor dos seus equivalentes em versão impressa.

Então as grandes editoras procuraram inovar para incrementar as vendas dos e-books e estão lançando novos selos editoriais que vendem apenas partes, frações de livros, ao invés da obra completa. Por exemplo: você não precisa comprar uma antologia inteira, pode comprar apenas o conto do seu autor preferido. Aquele livro de ensaios maçudo de um grande pensador não precisa ser comprado na íntegra, compre apenas o ensaio que lhe interessa. E assim por diante.

No Brasil, uma das editoras está oferecendo essas versões reduzidas de e-book, que estão sendo chamadas, em outros países, de e-singles, mini e-books e-short-books, por até mais de dez reais, o que evidencia que continuam muito caras. Ainda bem que não são todas. Outras oferecem por valores entre um real e cinco reais.

A finalidade primeira, obviamente, é vender mais. Com livros mais baratos, poder-se-ia alcançar a classe C, que não compra livros porque eles são muito caros. Será que eles teriam o equipamento para ler os livros digitais? Mas há um outro interesse embutido na novidade: é dar uma amostra, para que o leitor compre a obra completa. Só que o preço precisa se estabilizar num patamar menor, senão nenhuma das duas finalidades será plenamente alcançada.

Será que o escritor independente, aquele que não consegue uma editora, finalmente conseguirá publicar sua obra, mesmo que em doses homeopáticas, dispensando o aparato industrial que envolve o livro impresso?

A nossa Biblioteca Nacional está para implantar o projeto “Livro Popular”. Será que esse seria um caminho para que a leitura possa estar mais acessível para qualquer cidadão brasileiro? Não conheço o projeto, não sei se ele prevê as duas formas de publicação, mas que venha o livro popular, se realmente vier com um preço decente. Se ajudar a incentivar a leitura neste nosso imenso Brasil, um grande objetivo se terá cumprido.

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Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 31 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros.
Foi eleito a Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes e ocupa a cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras.
Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 27 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.

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