Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com )
Leio uma carta de leitor do Estadão, há alguns dias, comentando o centenário da morte de Euclides da Cunha, o autor de “Os Sertões”, constatando que o grande escritor ainda é, infelizmente, um ilustre desconhecido. Bate naquela velha tecla que nosso sistema de ensino, falido, insiste em manter funcionando: a escola não forma leitores, apenas ensina a escrever, o que implica, automaticamente aprender a ler, mas não implica incutir o gosto pela leitura. Aliás, ensinava, pois depois das mudanças recentes no primeiro grau, quando mudaram o sistema de alfabetização, encontramos muitos alunos de terceiro, quarto anos que não sabem ler e escrever.
Um grande escritor como Euclides da Cunha não é conhecido dos estudantes e nem da maioria dos cidadãos brasileiros, porque a escola não tem, no seu currículo, um espaço para estudá-lo. Não vamos falar da qualificação dos professores, da sua remuneração e da motivação decorrente disso, pois já é lugar comum, embora valha dizer que não devemos nos conformar com este estado de coisas e exigir uma educação de qualidade, que temos o direito de tê-la.
Felizmente alguns jornais lembraram o centenário da morte do escritor, jornalista, engenheiro Euclides da Cunha, ocorrido no dia 15 de agosto, e isso colabora para que sua obra seja divulgada. Não é o suficiente, mas já é alguma coisa. Ele merecia mais respeito e reconhecimento pela excelência da sua obra, que poderia ter sido bem maior, se não tivesse morrido tragicamente aos quarenta e três anos de idade. Se ele produziu uma obra-prima como “Os Sertões”, muito mais poderia ter produzido, não fosse a morte prematura.
‘Publicado em 1902, “Os Sertões” nasceu da cobertura jornalística de um dos conflitos mais sangrentos da história brasileira: a ação vitoriosa do exército contra revoltosos instalados na cidade baiana de Canudos. Euclides viajou para o local em 1897, a convite de Julio Mesquita, então diretor do jornal “A Província de São Paulo”, hoje “O Estado de São Paulo”.
Outros correspondentes já acompanhavam as tentativas do exército de derrotar os seguidores de Antonio Conselheiro, no interior da Bahia. Mas Euclides destacava-se como o escolhido natural: colaborador havia nove anos, publicara, nos dias 14 de março e 17 de julho daquele ano, dois artigos com o título de “A Nossa Vendeia”. São textos em que Euclides apresenta aspectos físicos daquela região do sertão e se aventura a dar palpites sobre as dificuldades táticas e estratégicas do levante.
No período em que cobriu o fato, Euclides submeteu-se a um verdadeiro rito: se quando deixou São Paulo estava seguro da natureza monarquista da rebelião em Canudos, o escritor (republicano) foi obrigado a reformular seu julgamento, forçado pelas contingências. E se tinha a urgência do repórter, acumulou material para a reflexão sobre o fenômeno que resultaria em “Os Sertões”.’ (an)
A Flip, Festa Literária de Paraty, realizada em junho, numa homenagem feliz dos seus organizadores já homenageava o escritor, com uma mesa-redonda para discutir o centenário e a obra dele.
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Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 29 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros. Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 25 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.
O autor assina, também, o Blog CRONICA DO DIA, em Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
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